sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sexta-feira da paixão: Mistério de amor

Sexta-feira da paixão: Mistério de amor

Nada o detém na sua entrega amorosa

Vamos começar nossa reflexão a partir das palavras que São João usa para sintetizar o que aconteceu na Última Ceia e na Paixão de Jesus: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1).
Amar até o fim significa que, no caminho da sua entrega por nós na Cruz, Jesus seguiu todas as etapas, sem deixar uma só, e chegou até o final. As penúltimas palavras que pronunciou na Cruz foram: “Tudo está consumado” (Jo 19, 30), antes de clamar: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23, 46).
Mas amar até o fim também significa que Cristo, na Cruz, nos amou sem limite algum, sem recuo algum, sem poupar-se em nada, até ao máximo extremo. Nada limitou o seu amor. Não se deteve em barreiras, não o arredou nenhuma dor, nenhum sacrifício, nenhum horror. Acima do seu bem-estar, da sua honra, da sua vida, colocou a salvação dos que amava, de cada um de nós.
Já pensamos no que é um amor ilimitado? Um amor que não depende de nada, nem exige nada, para se dar por inteiro?
O amor de Cristo começa sem que nós o tenhamos amado, não é retribuição, é puro dom; e chega até ao extremo ainda que nós não correspondamos, melhor dizendo, no meio de uma brutal falta de correspondência. Nisto consiste o amor – esclarece São João –: “não em termos nós amado a Deus, mas em que Ele nos amou primeiro e enviou o seu Filho para expiar os nossos pecados” (1 Jo 4, 10).
A meditação da Paixão, neste sentido, é transparente. Nenhum sofrimento físico aparta Jesus da Cruz. Basta que contemplemos – como numa sequência rápida de planos cinematográficos – Jesus preso, amarrado, arrastado indignamente, esbofeteado, açoitado até a sua carne se converter numa pura chaga, coroado de espinhos, esfolado e esmagado sob o peso da Cruz, cravado com pregos ao madeiro, torturado pela dor, pela sede, pelo esgotamento... Nada o detém na sua entrega amorosa.
Podemos projetar também – em flashes consecutivos – a sequência dos seus sofrimentos morais, e perceber que tampouco conseguiram afastá-lo de chegar até ao fim. É caluniado, ridicularizado, julgado iniquamente, condenado injustamente; alvo de dolorosa ingratidão, de hedionda traição; é ferido pela infidelidade, pela falta de correspondência dos que amava e escolhera como Apóstolos; é atingido pelas troças mais grosseiras, pelos insultos mais ferinos, por escarros e tapas no rosto...
Nada o faz recuar, nem sequer a última humilhação, pois não o deixaram morrer em paz, e desrespeitaram com zombarias e insultos os últimos instantes da sua agonia. Os que passavam perto da Cruz sacudiam a cabeça e diziam: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”
Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele: “Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e creremos nele; confiou em Deus, que Deus o livre agora, se o ama...” (Mt 27, 39-43). Esta doação sem limites de Cristo é o Amor que nos salva, o caminho que Ele quis escolher para nos livrar do mal, afogando-o em si – no seu Amor – como num abismo.
Ao mesmo tempo, é um contínuo apelo ao nosso amor. “Quem não amará o seu Coração tão ferido? – perguntava São Boaventura –. Quem não retribuirá o amor com amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o nosso Ferido, a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração. 


Peçamos que se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor e feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.
Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/
06/04/2012 - 08h00 -Site fonte de pesquisa:Canção Nova

Papa preside cerimônias da Quinta-feira Santa

lava_pestNa manhã desta quinta-feira, 05/04, o papa Bento XVI presidiu a Missa do Crisma na Basílica de São Pedro, durante a qual consagrou os óleos dos Catecúmenos, da Unção dos enfermos e o do Crisma. Durante a celebração, os cardeais, bispos, párocos romanos, sacerdotes diocesanos e religiosos renovaram suas promessas sacerdotais diante do Santo Padre.

O Papa introduziu sua homilia perguntando-se: “Somos realmente consagrados na realidade da nossa vida? Atuamos a partir de Deus e em comunhão com Jesus Cristo?”. E prosseguiu centrando-se na “situação algumas vezes dramática da Igreja de hoje” e citando de modo especial “um país europeu em que um grupo de sacerdotes publicou um apelo à desobediência”.

“Como sacerdotes, preocupamo-nos naturalmente com o homem inteiro, incluindo as suas necessidades físicas”, disse o papa, que concluiu lembrando que “as pessoas não devem ter a sensação que após cumprir nosso horário de trabalho pertencemo-nos apenas a nós mesmos. Um sacerdote nunca pertence a si mesmo”. E pediu ao Senhor que “nos encha com a alegria da sua mensagem, a fim que possamos servir, com jubiloso zelo, a sua verdade e o seu amor”.

No fim da tarde, na Basílica de São João de Latrão, Bento XVI presidiu a concelebração da Santa Missa da Ceia do Senhor, início do Tríduo Pascal. Durante a Liturgia, o Papa realizou o rito do lava-pés a doze sacerdotes da Diocese de Roma. No momento da apresentação das oferendas, foi confiada ao Santo Padre uma oferta humanitária para os refugiados da Síria. Na conclusão da celebração realizou-se a procissão com a reposição do Santíssimo Sacramento no altar da Capela de São Francisco.

Na homilia desta celebração, Bento XVI afirmou que a “Quinta-feira Santa não é apenas o dia da instituição da Santíssima Eucaristia, cujo esplendor se estende sem dúvida sobre tudo o mais, tudo atraindo, por assim dizer, para dentro dela. Faz parte da Quinta-feira Santa também a noite escura do Monte das Oliveiras, nela Se embrenhando Jesus com os seus discípulos; faz parte dela a solidão e o abandono vivido por Jesus, que, rezando, vai ao encontro da escuridão da morte; faz parte dela a traição de Judas e a prisão de Jesus, bem como a negação de Pedro; e ainda a acusação diante do Sinédrio e a entrega aos pagãos, a Pilatos”.

O Papa refletiu também sobre o conteúdo da súplica de Jesus. “Jesus luta com o Pai: melhor, luta consigo mesmo; e luta por nós. Sente angústia frente ao poder da morte. Este sentimento é, antes de mais nada, a turvação que prova o homem, e mesmo toda a criatura viva, em presença da morte.

Nesta Sexta-feira Santa, além de presidir a Liturgia da Paixão do Senhor às 15 horas – no horário de Roma, deverá participar também da tradicional Via Sacra, no Coliseu.
Fonte de pesquisa:Site CNBB

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Semana Santa: nos passos de Cristo.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Com o Domingo de Ramos, iniciamos a Semana Santa. É a “semana maior” do ano litúrgico e da piedade popular cristã. A Igreja convida a vivê-la intensamente, acompanhando os passos de Cristo na sua humilhação, sofrimento e condenação à morte, para termos parte no triunfo de sua ressurreição gloriosa.

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, no Domingo de Ramos, nos convidou a aclamar Jesus, o Ungido e Enviado de Deus, nosso Senhor e Salvador, com palmas nas mãos: palmas do martírio e da vitória do Vivente sobre a morte, do Rei da Vida sobre o reino da morte...

Na Quinta Feira Santa, a Missa do Crisma e da Renovação das Promessas Sacerdotais nos recorda somos o povo sacerdotal, que Jesus reuniu em torno de si e leva o seu nome; somos chamados a viver santamente e a proclamar a glória de Deus no mundo. Ao mesmo tempo, Jesus instituiu o sacerdócio ministerial, para que os sacerdotes, ungidos pelo Espírito de Cristo e com sua autoridade, continuem a ser para o povo sacerdotal aquilo que ele foi e continua a ser através deles: sacerdote, profeta e pastor.

Na Missa vespertina, “na Ceia do Senhor”, somos convidados a sentar à mesa pascal com Cristo. Lembramos a instituição da Eucaristia, sinal e sacramento da “vida doada” – de Jesus Cristo - em sacrifício amoroso pela salvação da humanidade. O Sacramento da Eucaristia nos enche de gratidão reverente e de alegria, porque é Jesus que se doa a nós, como alimento espiritual, companhia e presença real permanente, amor que amou até o fim. No “lava-pés”, Ele nos deixou o exemplo, para que o imitemos no serviço humilde e dedicado aos irmãos: “Eu, que sou vosso Mestre e Senhor, dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa” (cf Jo, 13,14-15).

Continuamos a seguir os passos de Jesus Cristo na Sexta Feira da Paixão. No drama de sua prisão, julgamento, tortura, condenação à morte e crucificação, nossa fé e fidelidade a Cristo são postas à prova. Não o atraiçoemos nem façamos dele objeto de lucro avarento, como Judas Iscariotes; não fiquemos distantes e indiferentes diante dele, nem neguemos conhecê-lo, como Pedro; e nem fujamos dele, como quase todos os demais apóstolos, quando se faz difícil professar-se cristão, diante das injúrias, riscos ou cruzes, por causa de nossa fé e nossa pertença a Cristo e à Igreja dele. Fiquemos fiéis a Ele, firmes ao lado dele, como Maria, o apóstolo S.João, as santas mulheres... Sejamos testemunhas da verdade, contra toda forma de falsidade, corrupção e injustiça cometidas contra Ele, na pessoa dos irmãos que sofrem. Como o Cirineu, ajudemos a carregar a sua pesada cruz, que ainda pesa nos ombros de tantos irmãos sofredores; enxuguemos sua face ensanguentada nos rostos dos irmãos rejeitados pela sociedade, nas vidas inocentes violentadas, desprezadas, mandadas à morte...

Na Sexta Feira Santa, arrependidos, batamos no peito e peçamos o perdão por nossos pecados, bem sabendo que Ele morreu por todos e cada um de nós: não fomos nós que o exigimos: foi Ele que se entregou por amor, infinito amor, para estender-nos a mão misericordiosa de Deus. “Tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho único, para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3,16). E cresça em nós o propósito de abandonar todo caminho que não seja aquele que Jesus abriu e indicou à humanidade, caminho de verdade, justiça, santidade e vida. Sigamos seus passos, para a superação de toda condenação injusta, toda violência e desrespeito pela pessoa do próximo. Ele nos convida a seguir seus passos, que levam à vida.

O Sábado Santo nos conduz à sepultura de Jesus, para prestarmos nossa homenagem a ele, cheios de gratidão e amor, como José de Arimatéia, Nicodemos, Madalena e as outras Marias... Sábado de vigília e de certeza que a vida já venceu a morte. Sim, porque Deus estava do lado dele; ele nada fez de mal e estava certo o centurião romano, ao exclamar, após a morte de Jesus: “verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!” (Mc 15,39). Sim, Deus não abandonou o seu Justo no pó da morte, mas o fez levantar-se e aparecer vivo diante dos discípulos e de muita gente!

A Vigília Pascal é a solene, reconhecida, tocante, alegre proclamação das maravilhas de Deus na criação e na obra da salvação, que tem seu momento culminante na vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. E nós, com firme fé, estamos com nossas lâmpadas acesas, à espera que o Senhor da Vida nos comunique a plenitude da sua vida, já manifestada no Mistério Pascal. Corramos ao seu encontro, como Madalena, Pedro e João, professemos nossa fé no Senhor ressuscitado, como os apóstolos, mesmo se vacilantes: Ele nos quer dar sua paz e confirmar nossos corações inconstantes, acompanhando-nos, como aos discípulos de Emaús, no caminho da vida.
Fonte de pesquisa:Site CNBB